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Jack Kerouac - poeta e escritor da geração beat ("Musa" inspiradora deste blog)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Erro crasso e supino



Enquanto me deslocava do serviço e já no transporte público (entenda-se por serviço onde passo o dia como um peixe num aquário fechado numa "redoma de vidro", a deitar bolinhas de oxigénio pela boca, ou seja, o emprego) e aí "abandonado" pela minha colega, que diáriamente faz o "frete" de me acompanhar naqueles mil passos desde a porta do mesmo até à estação do metro. Agora e só na companhia do meu mp3, dou-me conta do erro crasso e supino que havia cometido 24 horas antes. Um erro de gestação. É o que acontece quando o filho é prematuro, traz alguns problemas mas felizmente para os pais podem-se resolver desde que diagnosticados em tempo útil.
Se este blog é português, escrito em portugês e por alguém que embora identificado com a cultura "beat" norte-americana afirma-se beatnik português, como poderia a primeira postagem no mesmo não ser dedicada ao - pelo menos para mim - o melhor romancista português desde Eça, em suma, José Saramago.
Como o próprio havia dito, mais ou menos isto e com a clareza que lhe era peculiar e num tom quase "messiânico": "...enquanto for vivo não haverá mais nenhum português prémio nobel da literatura...". Tinha razão. Só se muda o "rei" postumamente.
Assim sendo, o erro é meu e o pedido de desculpas também.
Ao Nobel, à sua querida viúva e à Fundação José Saramago ab imo pectore.
Escritor dotado de excelente formação humana, deu o maior contributo que a língua portuguesa poderia esperar, revelando permanente disponibilidade para a literatura e todo o tipo de causas humanitárias, sendo justo que, hoje e após a sua morte se releve o seu desempenho através desta pública referência com uma pequena biografia, designação cronológica dos seus livros e breve sinopse nos que mais gostei.

Biografia:

José Saramago nasceu na aldeia ribatejana de Azinhaga, concelho de Golegã, no dia 16 de Novembro de 1922. Seus pais emigraram para Lisboa quando era ele ainda muito pequeno. Toda a sua vida decorreu na capital.
Fez estudos secundários (liceal e técnico) que não pôde continuar por dificuldades económicas.
O seu primeiro emprego foi: serralheiro mecânico, tendo depois exercido diversas outras profissões: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, editor, tradutor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance ("Terra do Pecado"), em 1947, tendo estado depois sem publicar até 1966. Trabalhou durante doze anos numa editora - Editorial Estúdios Cor, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na Revista "Seara Nova".
Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do Jornal "Diário de Lisboa" onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante alguns meses, o suplemento cultural daquele vespertino. Pertenceu à primeira Direcção da Associação Portuguesa de Escritores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi director-adjunto do "Diário de Notícias". Desde 1976 viveu exclusivamente do seu trabalho literário.

Livros:

Terra do Pecado (1947)
Os Poemas Possíveis (1966)
Provavelmente Alegria (1970)
Deste Mundo e do Outro (1971)
A Bagagem do Viajante (1973)
As Opiniões que o DL Teve (1974)
O Ano de 1993 (1975)
Os Apontamentos (1976)
Manuel de Pintura e Caligrafia (1977)
Objecto Quase (1978)
Poética dos Cinco sSentidos (1979)
A Noite (1979)
Que Farei com Este Livro? (1980)
Levantado do Chão (1980)
Viagem a Portugal(1981)
Memorial do Convento (1982)
Os amores trágicos de Blimunda Sete- Luas e Baltazar Sete-Sóis, sobre o pano de fundo da construção do convento de Mafra.
O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984)
Deu vida a um heterónimo de Fernando Pessoa, Ricardo Reis, narrando-lhe os últimos dias, vividos na Lisboa triste da época da consolidação dos fascismos na Europa.
A Jangada de Pedra (1986)
História do Cerco de Lisboa (1989)
O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991)
Apresenta-nos uma nova perspectiva histórica da história de Jesus, completando assim as "lacunas" dos quatro evangelhos. Aqui somos confrontados com um deus mau tenebroso e cruel, como no seu livro "Caim".
Cadernos de Lanzarote (I-V) (1994)
Ensaio sobre a Cegueira (1995)
Todos os Nomes (1997)
O Conto da Ilha Desconhecida (1997)
O Discurso de Estocolomo (1998)
Folhas Políticas (1976-1998) (1999)
A Caverna (2000)
A Maior Flor do Mundo (2001)
O Homem Duplicado (2002)
Ensaio sobre a Lucidez (2004)
Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido (2005)
As Intermitências da Morte (2005)
As Pequenas Memórias (2006)
A Viagem do Elefante (2008)
Caim (2009)
Recorre a Caim para demonstrar que: "A Bíblia é um manual de maus costumes", suas palavras em entrevista ao JL. Sublinha-se neste livro a crueldade que está sujacente na Bíblia, num tom pícaro e mordaz.

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