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Jack Kerouac - poeta e escritor da geração beat ("Musa" inspiradora deste blog)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Volta de 360º


É assim. A história repete-se e não damos por isso. E esse é o grande erro do Homem (esquecemos facilmente de que o que aconteceu "ontem" voltará a realizar-se).
Agora que Portugal é um país amordaçado pelas políticas da União Europeia (uma União que funciona apenas para alguns, não para os pobres sulistas, denominados por outros energúmenos do norte europeu como os PIGS - Portugal, Italy, Greece and Spain - uma bela ironia ou um simples trocadilho linguístico)? Fica para subentender o verdadeiro significado da expressão; relembro o que nos finais do Século XIX se passou:

O Ultimato britânico de 1890
Foi um ultimato do governo britânico - chefiado pelo primeiro ministro Lord Salisbury - entregue a 11 de Janeiro de 1890 na forma de um "Memorando" que exigia a Portugal a retirada das forças militares chefiadas pelo major Serpa Pinto do território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola (nos actuais Zimbabwe e Zambia), a pretexto de um incidente entre portugueses e Macololos. A zona era reclamada por Portugal, que a havia incluído no famoso Mapa cor-de-rosa, reclamando a partir da Conferência de Berlim uma faixa de território que ia de Angola à contra-costa, ou seja, a Moçambique. A concessão de Portugal às exigências britânicas foi vista como uma humilhação nacional pelos republicanos portugueses, que acusaram o governo e o rei D.Carlos I de serem os seus responsáveis. O governo caiu, e António de Serpa Pimentel foi nomeado primeiro-ministro. O Ultimato britânico inspirou a letra do hino nacional português, "A Portuguesa". Foi considerado pelos historiadores Portugueses e políticos da época a acção mais escandalosa e infame da Grã-Bretanha contra o seu antigo aliado. E esta ideia podemo-la recordar na obra do maior romancista portugês do século em questão - Eça de Queiroz - As Cartas de Inglaterra e Crónicas de Londres.
Eça não acreditava que o destino da sua pátria dependesse das possessões ultramarinas e, muito menos, da posse dos territórios acima mencionados. Podemos vê-lo no artigo que, disfarçado de João Gomes, publicou sobre o Ultimato, semanas após a crise. Não se conformava com o vexame sofrido pelo país e muito menos com a atitude apática dos líderes portugueses de então.
O objecto de "estudo" agora é diferente, mas depois de ter sido um "bom aluno" (recorde-se que dizimámos a nossa agricultura e pescas a troco de uns milhões), é Portugal tratado como se de um marginal fosse! O défice português, as contas públicas, também portuguesas, o PIB nacional, as agências de rating, sei lá que mais.
Deixo esta questão perigosa embora pertinente:
Precisa Portugal "desta Europa"?
Deixo "Cartas de Inglaterra e Crónicas de Londres" como uma sugestão de leitura num primeiro sufoco, mas acima de tudo como uma essencial reflexão.

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